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Queridinho dos brasileiros, café começa a pesar no bolso

Segundo o diretor executivo da ABIC , se os meses de janeiro e fevereiro apresentarem boas quantidades de chuvas nas plantações, há uma expectativa de melhora na safra para 2026 e consequentemente uma estabilidade ou diminuição dos preços.

Por Ana Souza em 13/01/2025 às 13:46:17

Queridinho dos brasileiros, o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, atrás da água. Durante a manhã, tarde ou noite, o copinho de café sempre está presente para dar aquela despertada, energizada ou até mesmo para 'acalmar os ânimos' pensando melhor. Com leite ou sem, não importa: tem gente que só consegue colocar as ideias em ordem depois de um gole.

Acontece que ultimamente os preços do café estão ficando bastante salgados e já não é possível tomar a bebida aleatoriamente como costumava fazer o brasileiro. Desde 2020 que o consumidor tem visto o preço do pó de café aumentar consideravelmente. O que naquela época em Salvador custava R$ 6 o pacote de 250g de pó de café, hoje não sai por menos de R$ 15. E , claro, a depender da marca pode ficar ainda mais caro.


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"Daqui a pouco transformam café em uma bebida de luxo. Algo que é da necessidade diária da população brasileira, quase igual ao sal, não devia estar desse jeito tão caro. Eu mesma tomo café o tempo todo. Me ajuda a pensar, ajuda a me concentrar", comenta a psicóloga Ana Clara Rebouças, enquanto comprava justamente o produto num mercadinho do bairro Dois de Julho. "Peguei o Melita, que tá R$ 18, mas não lá em casa já diminuímos a quantidade", reforça.

Para se ter uma ideia, em janeiro do ano passado o pacote de 1 kg era comercializado por R$35,09 – conforme a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Hoje, a mesma quantidade custa, em média, R$ 48,57.

PRODUÇÃO

Entre os motivos para o encarecimento do café estão o calor, a seca e as altas temperaturas que prejudicaram a produção e até hoje não ajudaram as plantações a se recuperarem. O grão moído teve uma alta de quase 33% no acumulado dos 12 meses até novembro de 2024, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no dia 10 de dezembro.



Se engana que por causa dos preços altos o consumo irá diminuir. Com a previsão negativa de demora na recuperação das plantações e temperaturas cada vez mais quentes, a expectativa é que os preços continuem alto. De acordo com a Abic, entre janeiro e outubro de 2024, o consumo cresceu 0,78%. A tendência aponta que a venda de café aumente também para o mercado internacional, onde o café brasileiro, devido à sua extrema qualidade, tem ganhado espaço.

A entidade explica, ainda, que o clima gerou um estresse na planta, que, para sobreviver, teve que abortar os frutos, ou seja, impedir o seu desenvolvimento. Segundo o diretor executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, a falta de água é considerada o pior dano para a lavoura.

Nas ruas da capital baiana o preço do café é facilmente sentido. No Relógio de São Pedro, onde grupos de idosos costumam jogar dama nas mesinhas de concreto do local, costuma participar também das rodadas o vendedor de cafezinho Mário Alves dos Santos, 67 anos. Ele circula pela região, vendendo cafezinhos nas portas das lojas e na própria praça, onde muita gente compra marmita e almoça sentado no local. "Eu lembro que eu vendi o cafezinho por R$0,50 a uns seis anos atrás. Hoje o cafezinho no copinho tá um real, se for maior R$2. Mas a gente faz até por R$1,50. Eu faço isso não é pelo lucro, é pelo gosto mesmo. Me divirto, caminho, não fico parado. Já sou aposentado".

Preços

Além do Melita, Santa Clara, Pilão, Maratá - e as versões premium dessas marcas – há ainda o café gourmet. "Aqui na Bahia temos muitas produções de café de extrema qualidade na Chapada, por exemplo. Eles saem mais caros, mas o sabor também é de primeiríssima", comenta Gildo Amorim, morador de Lençóis.

Segundo o diretor executivo da ABIC , se os meses de janeiro e fevereiro apresentarem boas quantidades de chuvas nas plantações, há uma expectativa de melhora na safra para 2026 e consequentemente uma estabilidade ou diminuição dos preços.

"Se houver chuva em janeiro, fevereiro, e um pouco de março, então a expectativa vai ser boa. Se não houver, a expectativa é mais estressante", afirmou ao G1.

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