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PSDB negocia fusão com PSD de Kassab e aliança para disputar a cadeira de Lula em 2026

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmou que o partido estĂĄ discutindo vĂĄrios cenĂĄrios.

Por Ana Souza em 06/01/2025 às 17:30:20

Mergulhado em profunda crise, o PSDB iniciou negociações para uma possĂ­vel fusão com o PSD, partido presidido por Gilberto Kassab. Desde o ano passado, quando perdeu os oito vereadores da capital paulista e protagonizou um fiasco com a campanha de José Luiz Datena – que teve 1,84% dos votos na disputa pela Prefeitura –, o tucanato concluiu que a definição de um novo rumo serĂĄ inevitĂĄvel para sua sobrevivĂȘncia.

Na quinta-feira, 2, o presidente do PSDB paulista, Paulo Serra, se reuniu com Kassab para tratar do assunto. "Tivemos uma boa conversa e essa questão da fusão do PSDB com o PSD estĂĄ avançando bastante", disse Serra à Coluna do Estadão. "Nós precisamos crescer e a fusão, incorporação ou federação podem ser alternativas", completou o dirigente, que é ex-prefeito de Santo André.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmou que o partido estĂĄ discutindo vĂĄrios cenĂĄrios. "HĂĄ uma divisão em termos de vontade polĂ­tica porque uma corrente quer que o PSDB continue e outros defendem a incorporação ou fusão a um partido maior", admitiu Perillo à Coluna. "Vamos nos debruçar sobre esse tema em fevereiro, a partir da reabertura dos trabalhos do Congresso."

O PSDB integra uma federação com o Cidadania desde 2022, mas vem definhando a cada ano. Nos Ășltimos tempos, enfrentou um emaranhado de disputas judiciais. Na prĂĄtica, o partido que jĂĄ comandou a PresidĂȘncia duas vezes (1994 a 2002), com Fernando Henrique Cardoso, e o governo de São Paulo por quase 30 anos, deu uma guinada à direita e enveredou pelo bolsonarismo.

De 2022 para cĂĄ, o declĂ­nio ficou ainda mais evidente: os tucanos perderam quadros importantes, como o vice-presidente da RepĂșblica Geraldo Alckmin – que, meses antes da eleição daquele ano, migrou para o PSB – e o ex-chanceler Aloysio Nunes. "Foi um erro não termos lançado candidato a presidente, em 2022?, argumentou Perillo.

Na Ășltima corrida municipal, o PSDB não conseguiu emplacar nenhum vereador em São Paulo nem em Belo Horizonte, os dois maiores colégios eleitorais.

Após o casamento de fachada com o Cidadania, marcado por atritos, o partido também avalia ampliar a federação, agora com o Solidariedade. As negociações com o PDT não foram adiante porque a legenda é vista como muito alinhada ao governo Lula pela cĂșpula tucana.

A fusão ou incorporação ao PSD é, atualmente, o caminho que parece mais concreto, mas tudo ainda precisa passar pelo aval do Cidadania. Apesar de divergĂȘncias internas, o novo arranjo – qualquer que seja ele – é considerado pelo PSDB como a Ășnica chance para vencer a chamada "clĂĄusula de barreira", em 2026. Para superar esse obstĂĄculo, todos os partidos precisam ter um nĂșmero mĂ­nimo de votos nas eleições para deputados federais. Somente assim tĂȘm direito a fundo partidĂĄrio e tempo de TV nas campanhas.

A intenção da cĂșpula do PSDB é lançar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como candidato à sucessão do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva. Para isso, porém, a sigla precisa se reinventar. É nesse cenĂĄrio que entra o PSD de Kassab, hoje secretĂĄrio de Governo na gestão do governador TarcĂ­sio de Freitas (Republicanos).

"Diante de quadros tão valorosos como os do PSDB, em todo o Brasil, é evidente que o PSD tem interesse especial nessa aproximação, qualquer que seja o modelo", afirmou Kassab à Coluna. Em março, o partido começarĂĄ a analisar os projetos de candidaturas próprias e eventuais alianças.

Além de Leite, o PSDB tem apenas mais dois governadores: Raquel Lyra (Pernambuco) e Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul). Lyra, porém, negocia a filiação ao PSD.

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